BUSCAR FATURAMENTO OU RENTABILIDADE, EIS A QUESTÃO
- custoseganhosconsu
- 15 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Faturamento ou rentabilidade, eis a questão. No senso comum, aprendemos desde cedo que ou você busca faturamento, sacrificando a rentabilidade, ou preserva a rentabilidade, abrindo mão do faturamento. Não sei quem, nem quando, alguém estabeleceu essa conjunção alternativa “ou” como uma grande verdade: a ideia de que, para aumentar o faturamento, é necessário sacrificar a margem de lucro.
Você prefere vender R$ 100 mil com 50% de lucro bruto ou R$ 200 mil com 40%? Uma pergunta tentadora. Metade de R$ 100 mil, ou 50%, é R$ 50 mil, enquanto 40% de R$ 200 mil é R$ 80 mil. Assim, dobrando o faturamento, ainda aumenta o lucro bruto em 60%, sacrificando a margem de 50% para 40%. Parece uma proposta coerente para você? Pois é, esse é o argumento do marqueteiro que está tentando vender seu serviço.
O que acontece na realidade? Depois que você assina o contrato e embarca nessa aventura, o primeiro resultado seria mais ou menos assim: a venda aumenta cerca de 50%, que é um número expressivo, mas é bem provável que sua margem encolha mais do que o esperado, digamos que tenha fechado em 35%, e não nos 40% previstos.
O resultado? Para uma venda de R$ 150 mil com margem bruta de 35%, o lucro bruto foi de R$ 52.500. Cenário como esse é muito comum acontecer: ficar deslumbrado com o aumento espetacular de 50% nas vendas, mas com uma margem bruta que por pouco não fica menor do que os R$ 50 mil obtidos quando vendia R$ 100 mil.
Nesse momento, o lado racional do empreendedor tenta alertar que todo esse sacrifício para aumentar o lucro bruto de R$ 50 mil para R$ 52.500, é insignificante. Mas o lado emocional, impulsionado pelo ego, responde: “Sim, mas você aumentou as vendas em 50%. A loja está mais cheia, os clientes estão satisfeitos, e os funcionários, motivados. Você está no caminho certo”.
Acontece que as despesas com o honorário do marqueteiro aumentaram em R$ 5.000. Como resultado, o lucro líquido ficou R$ 2.500,00 negativo, porque gastou R$ 5 mil a mais e obteve apenas R$ 2.500 com a margem. Agora que já está envolvido, na segunda tentativa, no mês seguinte, o objetivo passa a ser, no mínimo, empatar o resultado. E, como num vício de jogo, começa o ciclo do “dessa vez vai ser melhor”. Digamos que na segunda tentativa, você consiga vender R$ 160 mil, com uma margem de 35%, gerando um lucro bruto de R$ 56 mil.
Agora sim, as despesas foram cobertas. Esse era o argumento que faltava para justificar a terceira tentativa. No entanto, na terceira tentativa, o faturamento caiu para R$ 140 mil, e a margem se manteve em 35%, gerando um lucro bruto de R$ 49 mil, abaixo dos R$ 55 mil necessários. O desespero do jogador compulsivo começa a tomar conta, enquanto o ego comemora. O pobre empreendedor caiu na armadilha e agora não consegue mais sair dela.
Agora, os clientes também se acostumaram a esperar grandes promoções com preços baixos, o que resulta na queda do faturamento. A empresa não consegue mais voltar aos preços anteriores por medo de perder ainda mais receita. Corre para a quarta tentativa, depois para a quinta, perpetuando esse modelo que subestima a inteligência do consumidor e troca os clientes fiéis por consumidores oportunistas. Daí surge o famoso jargão: “ou faturamento ou rentabilidade”, que, ao entrar nesse túnel sem saída, se transforma em: “nem faturamento, nem rentabilidade”.
Nesse ponto, o empreendedor já esqueceu o verdadeiro propósito do seu negócio, a razão de sua existência, e passou a ser apenas mais um CNPJ lutando para sobreviver a qualquer custo, sentindo-se satisfeito quando finalmente consegue pagar as contas do mês.
Saia desse modelo de “tudo ou nada”, típico do espírito do jogador, que justifica com o argumento de “dessa vez vai”. Alinhe seu ego com o que é correto como ser humano, revise o propósito do seu negócio, questione a razão da sua empresa existir no mercado e de fazer o que faz. Substitua a conjunção alternativa “OU” pela aditiva “E”, buscando o lema “Faturamento e Rentabilidade” ao mesmo tempo.
Entenda que o universo só agracia atividades que somam volume e resultado, e abomina aqueles que acreditam que o ganho deve vir da perda do outro. Busque incansavelmente aumentar o faturamento e o lucro juntos, sendo fiel ao provérbio que ensina que é na graça do Senhor que vem a prosperidade, e que o esforço do seu ego nada acrescenta ao seu patrimônio.
É melhor conseguir R$ 110 mil com os mesmos 50% e obter R$ 55 mil de margem bruta, sem aumentar as despesas. Mas todos querem isso; se fosse fácil, qualquer um conseguiria aumentar as vendas e o lucro. Então, qual é o segredo? Ser fiel à palavra da verdade ensinada há milênios, por princípios de ética que nunca mudam. Se existem regras, doutrinas e ensinamentos que sempre funcionam, isso sim vale a pena buscar e praticar.
Busque o caminho correto como ser humano. Adicione pequenos esforços todos os dias e, com humildade, multiplique as pequenas conquistas ao longo de muitos anos. Assim, você verá a prosperidade se acumular de forma sólida e segura.
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