COMO DETERMINAR CUSTO REAL NA ENTRADA DE ESTOQUE, LIVRE DE IMPOSTOS INCLUSOS NO PREÇO DE COMPRA
- custoseganhosconsu
- 14 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
Uma empresa optante pelo lucro real comprou de um fornecedor um lote de um produto ao preço de R$ 100,00 por unidade, com um acréscimo de 10% de IPI. Considerando 18% de ICMS, qual seria o custo real na entrada de estoque, livre dos impostos inclusos no preço de compra?
Para calcular o custo real, livre de impostos, desta compra de R$ 110,00, separamos primeiro todos os impostos, a saber: R$ 10,00 referente ao IPI, R$ 18,00 de ICMS, R$ 1,65 de PIS, e R$ 7,60 de Cofins. Quando esses quatro tributos são deduzidos do valor total da compra de R$ 110,00, o custo líquido fica em R$ 72,75.
Portanto, no nosso país, o sistema tributário vigente trata os custos dessa forma. Do valor de R$ 110,00 que a empresa paga para adquirir um produto ou insumo, R$ 37,25 são impostos e o restante, R$ 72,75, corresponde ao produto propriamente dito. Isso significa que você desembolsa R$ 110,00 e, ao dar entrada no estoque, o custo líquido que compõe o estoque é de R$ 72,75 por unidade; o restante são créditos tributários que ficarão estocados no seu ativo circulante, aguardando para abater o imposto a pagar no momento do recolhimento.
O lançamento fiscal e contábil no seu sistema fica assim: debita R$ 72,75 como entrada no seu “Estoque”, debita R$ 10,00 de “IPI a Recuperar”, debita R$ 18,00 de “ICMS a Recuperar”, debita R$ 1,65 de “PIS a Recuperar”, debita R$ 7,60 de “Cofins a Recuperar” e, na contrapartida, credita R$ 110,00 na conta “Fornecedores a Pagar”. Pronto, é um lançamento com seis valores, cada imposto na sua conta contábil correspondente. A parte da entrada está concluída.
Agora vamos simular a venda deste produto, digamos, ao preço de R$ 200,00. Quando esta empresa vende, emite a nota no valor de R$ 200,00, com mais 10% de IPI, totalizando R$ 220,00. Então, o seu cliente irá lhe pagar R$ 220,00. O lançamento fiscal e contábil no seu sistema fica: credita R$ 220,00 na conta “Receita de Vendas” e debita R$ 220,00 na conta “Clientes a Receber”. Pronto, o lançamento da receita está feito. Agora, faltam os lançamentos referentes aos impostos. Serão quatro lançamentos, um para cada tributo. Debita R$ 20,00 na conta “IPI sobre a Receita” e, na contrapartida, credita a conta "IPI a Recolher". Depois, debita R$ 36,00 na conta “ICMS sobre Receita” e credita a conta “ICMS a Pagar”. Em seguida, debita R$ 3,30 na conta “PIS sobre Receita” e credita a conta “PIS a Pagar”. E, finalmente, debita R$ 15,20 na conta “Cofins sobre Receita” e credita a conta “Cofins a Pagar”.
Parece complicado? Parece, mas é simples, são apenas muitos lançamentos repetitivos, um para cada tributo. Note que, neste momento, no seu demonstrativo de resultado, temos: R$ 220,00 de receita bruta, menos R$ 20,00 de IPI, menos R$ 36,00 de ICMS, menos R$ 3,30 de PIS e menos R$ 15,20 de Cofins, fechando a receita líquida no valor de R$ 145,50 após abater a soma dos quatro tributos.
Agora, com a receita líquida de R$ 145,50, paga-se o custo líquido de R$ 72,75 e verá que sobrará no resultado R$ 72,75, que é a metade da receita líquida, porque vendeu pelo dobro do preço de entrada.
Quanto ao pagamento dos tributos, o IPI fica em R$ 20,00 a pagar, menos R$ 10,00 a recuperar, resultando em um valor líquido a pagar de R$ 10,00. O ICMS fica em R$ 36,00 a pagar, menos R$ 18,00 a recuperar, resultando em um valor líquido a pagar de R$ 18,00. O PIS fica em R$ 3,30 a pagar, menos R$ 1,65 a recuperar, resultando em um valor líquido a pagar de R$ 1,65. E, finalmente, o Cofins fica em R$ 15,20 a pagar, menos R$ 7,60 a recuperar, resultando em um valor líquido a pagar de R$ 7,60.
E para tirar a prova dos nove, o fluxo de caixa ficou assim: R$ 220,00 de receita entrando, menos o pagamento de R$ 37,25 dos quatro tributos, sobrando R$ 182,75 para pagar os R$ 110,00 da compra. Assim, o que sobra de lucro bruto é de R$ 72,75, que é o mesmo valor quando se subtrai da receita líquida de R$ 145,50 o custo real líquido de R$ 72,75. Vale lembrar que esta simulação considera a compra de produto e a venda posterior, dentro do mesmo estado, com alíquota do ICMS igual, tanto na entrada quanto na saída. Quanto ao crédito dos tributos federais, PIS e Cofins, eles são válidos para optantes do regime de lucro real.
Veja também no you tube: