COMPRA DE UM CARRO NOVO: COMO LANÇAR
- custoseganhosconsu
- 18 de fev.
- 4 min de leitura
Compra de um Carro Novo: Como Lançar no Sistema Financeiro Contábil?
Imagine a seguinte situação: a empresa adquiriu um veículo à vista e as meninas do financeiro precisam registrar essa compra corretamente no sistema contábil. A dúvida surge: onde lançar essa aquisição? Seria correto classificar como despesa de veículo? E se o carro for para uso pessoal do dono? Vamos esclarecer tudo isso de forma prática e objetiva!
Primeiro passo: o que não fazer:
A primeira reação de quem não tem familiaridade com contabilidade pode ser lançar o valor total da compra diretamente na conta de "Despesas com Veículos". No entanto, isso seria um erro. Ao registrar um bem de alto valor, como despesa, o resultado do mês será distorcido, podendo até parecer que a empresa teve um prejuízo elevado. Além disso, a empresa perderá o controle patrimonial sobre um ativo importante.
Segundo Passo: Imobilizar ou Despesar?
Aqui está a regra básica: se a compra for de um bem durável, que será utilizado por mais de um exercício fiscal e trará benefícios contínuos para a empresa, deve ser registrado como Ativo Imobilizado. Ou seja, um carro adquirido para uso da empresa não é uma despesa imediata, mas sim um investimento. Esse investimento será “ativado” no balanço patrimonial e sofrerá depreciação ao longo do tempo.
Terceiro Passo: Classificação Correta da Compra
Se o carro for para uso da empresa, o registro da compra fica:
Debita: Conta Veículos, no Ativo Imobilizado de 120 mil reais, por exemplo, e
Credita: Banco, do Ativo Circulante, de onde saiu os 120 mil reais.
Pronto, com esse lançamento, a saída do dinheiro da conta, ficou registrada no sistema, e a aquisição do bem foi classificada e lançada, no ativo imobilizado, evitando de lançar na despesa.
A partir da aquisição, ou melhor, na verdade, a partir do mês em que o bem entrar em uso pela empresa, inicia-se a depreciação, no caso do veículo, em 5 anos, ou 20% ao ano, conforme a lei. O lançamento fica:
Debita: Despesa com Depreciação, no grupo de Resultado, o valor de 2 mil reais por mês, que vem da divisão do valor de 120 mil reais, por 60 meses.
Credita: a conta Depreciação Acumulada, um lançamento que reduz a conta do ativo imobilizado, em 2 mil reais, por mês.
Dessa forma, o valor total do veículo não impacta as despesas de um único mês, e sim ficará fracionado ao longo dos 60 meses, refletindo o tempo de sua utilização.
Aqui vai uma observação importante: no Brasil, segundo a legislação, 100% do valor de um veículo é depreciado ao longo de cinco anos. No entanto, sabemos que, após esse período, o veículo ainda mantém parte do seu valor. Se a empresa decidir vendê-lo no sexto ano, é bastante provável que consiga ao menos 50% do valor original.
É importante lembrar que haverá incidência de imposto de renda sobre essa valorização patrimonial, com alíquota de 15% sobre os 60 mil reais, resultando em um imposto de 9 mil reais. Porém, na contabilidade gerencial, recomenda-se adotar, caso queira, uma taxa de depreciação mais alinhada ao valor de mercado. Dessa forma, evita-se tanto a oneração excessiva das despesas nos primeiros cinco anos quanto a necessidade de reconhecer uma receita inesperada na venda de um bem já depreciado.
As empresas que seguem a legislação, lançam no seu custo, a depreciação em 5 anos. Depois, quando vender o bem, qualquer que seja o valor vendido, este será classificado como receita não operacional, ou seja, um ganho que a empresa contabiliza no resultado geral, mas não na operação.
E quando o Carro For Para Uso Particular do Dono?
Caso o veículo tenha sido comprado pela empresa, mas seja destinado ao uso particular do proprietário, o lançamento deve ser feito de forma diferente. Não se trata de um ativo da empresa e, portanto, na contabilidade gerencial, não será registrado no imobilizado, embora no setor fiscal e contábil da empresa, será lançado de acordo com a lei.
Você pode lançar a saída dos 120 mil reais da aquisição de veículo, como Adiantamento de Lucros, do sócio de quem saiu o documento do carro. O lançamento fica:
Debita: Adiantamento de Lucros, na subconta do Patrimônio Líquido e
Credita: a saída do Banco, do Ativo Circulante.
Veja que, não terá impacto no resultado operacional da empresa, pois o dinheiro sai do ativo circulante e vai para conta do grupo Patrimônio Liquido, no lado direito do balanço, no passivo.
Como fica o lançamento no sistema financeiro não contábil.
Para sistemas financeiros não contábeis, que não oferecem a opção de ativar um bem nem de registrar frações de depreciação, o lançamento da saída de dinheiro da conta bancária deve ser feito da seguinte forma:
No módulo de Contas a Pagar, registre o título de R$ 120 mil em nome da pessoa jurídica fornecedora do veículo. Em seguida, realize a baixa desse título utilizando a saída de dinheiro do banco. A classificação mais adequada para essa transação seria “Adiantamento de Lucro”, no nome do sócio ao qual o veículo foi registrado. Assim, este gasto de 120 mil reais, ficará isolado das despesas operacionais.
Para concluir, vamos repassar: se o carro for para uso da empresa, deve ser lançado no Ativo Imobilizado e fazer a depreciação ao longo do tempo. Se for para uso pessoal do dono, deve ser registrado como retirada de pró-labore ou distribuição de lucros, evitando distorções nas contas da empresa. Nunca lançar a compra do veículo como despesa do mês, pois isso compromete a análise financeira e o controle patrimonial. Com esses lançamentos, o controle financeiro fica mais seguro e transparente, garantindo a rastreabilidade de cada registro contábil.
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