EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS: COMO LANÇAR AS PARCELAS NO SISTEMA
- custoseganhosconsu
- 12 de fev.
- 4 min de leitura
A gestão financeira demanda atenção aos detalhes, quando na hora de lançar no sistema, as parcelas de um empréstimo para capital de giro. Suponha que uma empresa tenha tomado um empréstimo no valor de 100 mil reais para ser pago em 20 parcelas mensais de 6 mil reais, um total de 120 mil reais.
Na maioria das vezes, o financeiro prefere lançar o valor total das parcelas, de 6 mil reais, que contém o valor principal, mais o juro. Só que, ao lançar 20 parcelas de 6 mil reais, no lado direito do balanço, o passivo recebe uma carga de 120 mil reais, enquanto no lado esquerdo, o ativo recebeu somente os 100 mil reais, que entrou no banco, criando um desbalanceamento entre ativo e passivo.
Portanto, do ponto de vista contábil, o lançamento correto seria debitar 100 mil reais na conta Banco, no dia em que o dinheiro entrou e, no mesmo lançamento, adicionar uma segunda conta no valor de 20 mil reais, referente aos juros, chamada “Juros a Transcorrer”. Dessa forma, o total de 120 mil reais ficará corretamente balanceado com as 20 parcelas de 6 mil reais registradas no passivo.
Muito bem, agora vamos aos pagamentos. No primeiro mês, ao pagar a primeira parcela, o lançamento será: credita a conta “Banco” em 6 mil reais e debita a conta “Empréstimos a Pagar” pelo mesmo valor. Com isso, o ativo diminui em 6 mil reais e o passivo também reduz em 6 mil reais, mantendo o equilíbrio das contas patrimoniais. Tudo certo até aqui. Mas e os mil reais de juros? Quando esse valor será reconhecido no resultado? O que ainda falta fazer?
Para reconhecer a despesa com juros no resultado, reduzindo a conta “Juros a Transcorrer”, é necessário fazer um lançamento contábil específico. O lançamento correto seria: debita mil reais a conta “Despesa com Juros”, dentro do grupo de despesas, e credita a conta “Juros a Transcorrer”, no ativo circulante. A cada pagamento da parcela do empréstimo, além do lançamento do pagamento, você deve reconhecer a despesa com juros.
Note que agora o saldo da conta “Juros a Transcorrer” passou de 20 mil para 19 mil reais, enquanto o saldo da conta “Empréstimos a Pagar” reduziu de 120 mil para 114 mil reais. Além disso, o resultado registrou uma despesa de mil reais, o que, por ora, reduz o saldo da conta capital dentro do passivo, na conta resultado do exercício.
Porém, nem toda empresa possui um sistema financeiro contábil. Para aquelas que utilizam um sistema financeiro não contábil, a orientação é a seguinte: lançar no Contas a Pagar, as 20 parcelas de 6 mil reais, associadas ao fornecedor “Empréstimos a Pagar”. Dessa forma, no fluxo de caixa, o financeiro visualizará corretamente o valor de 6 mil reais a ser pago. A dica aqui é manter um controle paralelo, anotando que, a cada parcela paga, ao fazer a baixa, deve-se ajustar o valor do título de 6 mil reais para 5 mil reais e registrar os mil reais restantes, gerando despesa com juros. Assim, os mil reais ficam corretamente classificados como despesa com juros, e os 5 mil reais amortizam o saldo do principal da dívida.
Mas e se esquecer de fazer isso? Se isso acontecer, ninguém irá morrer por causa disso, mas a empresa perderá o controle sobre o destino do dinheiro. Sem essa separação, ficará no escuro quanto ao valor efetivamente devolvido do empréstimo nem o custo real da despesa com juros.
A outra dica seria lançar as 20 parcelas no valor de 5 mil reais e manter uma anotação para lembrar que, a cada vencimento, o valor real da parcela é de 6 mil reais. No momento do pagamento, ao fazer a baixa, deve-se registrar os mil reais gerando como juros, e garantir que esse valor seja classificado na conta de despesa com juros.
Afinal, o que acontece se não separar o juro do principal? Quando esses valores ficam misturados, a administração perde a clareza sobre o que realmente está sendo amortizado do empréstimo e quanto está sendo gasto com juros. Isso pode comprometer a análise financeira, dificultando a identificação do custo real da dívida e seu impacto nos resultados da empresa.
Em um sistema financeiro não contábil, esses lançamentos são mais simples, pois não é necessário ajustar o ativo com o passivo. No entanto, os erros que ocorrem no sistema tornam-se difíceis de rastrear, já que o sistema perde seu maior poder de controle, que é a capacidade de conciliar a origem e o destino dos recursos, o que pode gerar distorções nas informações financeiras.
A empresa perde o controle sobre o saldo restante a ser pago, e, o maior prejuízo de adotar esse procedimento é que, ao agir dessa forma, a empresa acaba criando uma cultura de baixa responsabilidade no manejo do dinheiro. Isso pode refletir em uma gestão ineficaz do patrimônio da organização como um todo, comprometendo a sustentabilidade e a saúde financeira do negócio.
Uma boa gestão financeira proporciona uma visão clara da situação econômica da empresa, evitando distorções que podem prejudicar seu crescimento e solidez. Toda grande empresa só consegue manter o crescimento utilizando um sistema financeiro contábil, pois, por trás desse sistema, está a cultura do débito e do crédito, que deve zerar sempre.
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