O CONFORTO MATERIAL QUE GERA DESPERDÍCIO

Todo indivíduo sonha em conquistar o conforto material, seja um sofá na sala, um aparelho de televisão de última geração, geladeira na cozinha, uma máquina de lavar roupa na lavanderia, e assim por diante. Toda família sonha em ter coisas melhores.

E, quando uma conquista financeira permite uma margem maior de gastos, a maioria das pessoas corre para comprar os objetos de seu sonho e esquece de guardar um pouco, tomada pela euforia de achar que a nova fonte de renda é inesgotável.

Até aí tudo bem, afinal, para que se trabalha com tanto esforço? No final das contas, seria muito frustrante se não pudesse gastar um pouco do que se ganha para comprar o que se quer.

No caso de uma família, por exemplo, que finalmente consegue comprar uma geladeira, esse avanço material, é um motivo de muita alegria e comemoração. Afinal, toda a dificuldade enfrentada por não ter uma geladeira, agora é compensada. Assim, com a alegria, além de comprar a geladeira, sai comprando tudo o que cabe nela.

Quem já passou por isso sabe que, em pouco tempo, a geladeira fica sem espaço. Pois, se antes o estado era de alerta e cuidado com os alimentos, agora é de desatenção e descuido. Dessa forma, os alimentos começam a estragar na geladeira e pouco a pouco a alegria da nova conquista vai sendo substituído pela frustração de ver os alimentos, comprados a dinheiro, sendo jogados para o lixo.

Esse é um exemplo clássico de um desperdício que nasce em função do conforto material, que parece anestesiar o estado de atenção e convertendo-o em estado de desatenção. E assim, com o tempo, a mente acostuma com o desperdício e acaba convertendo em hábito.

Um outro item de desperdício são as roupas. Normalmente, os ricos compram roupas que não irão usar, enquanto os pobres não têm o que vestir. Sendo que essas roupas guardadas poderiam vestir quem não tem.

Hipoteticamente, vamos supor que um dia, todo mundo tire do guarda-roupa, tudo que não usa e leve para um local. Não dá nem para imaginar a pilha tão grande de roupas que se formaria. Uma prova social disso é quando ocorre uma tragédia em alguma cidade, a velocidade com que as roupas doadas se amontoam chama a atenção.

Provavelmente essa atitude de doar para ajudar o próximo esteja atenuando o peso da consciência de quem mantém estocado roupas que sabem que não usarão.

Por isso, dizem que nenhuma nação que passou pelo conforto da conquista material sobreviveu a decadência moral de seus habitantes.

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