TESOURO SELIC NUNCA CAI?

Até hoje eu acreditava que o valor do título do Tesouro SELIC nunca cairia, diferente dos outros dois títulos da dívida do Tesouro Nacional, o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA. Estes dois, cada vez que o juro sobe o valor nominal do título diminui, o chamado marcação ao mercado. E quando o juro cai, o título sobe. Um mecanismo interessante criativo para atrair o dinheiro quando o governo está precisando e afasta quando não precisa.

Quando precisa, o Tesouro aumenta a taxa. Quando aumenta, sobe o coeficiente deflator, assim o valor do título fica menor, tornando o preço atraente para investidores.

Pois bem, isso não acontecia com o Tesouro SELIC considerado o título mais estável, por ser pós fixado, ou seja, oscila conforme a variação da SELIC. Porém este título estável, aprontou em setembro de 2020. Até o dia 25 seu valor nominal tinha caído -0,20% de R$ 10.676,79 em 31 de agosto para R$ 10.655,71 em 25 de setembro, o preço para quem compra o Tesouro SELIC 2025 com vencimento para 01.03.2025.

Não precisa se alarmar com uma queda de “apenas” 0,20%, porém vamos lembrar que a variação do CDI no mês inteiro de agosto foi de 0,16%. Então é significativo sim, pois para o investidor que confiou o dinheiro acreditando na variação pelo menos da SELIC, está sendo uma decepção.

Por que está acontecendo isso? Observando o preço de compra deste título, vemos um fato curioso que se acentuou em setembro. O prêmio extra que o Tesouro está pagando acima da taxa SELIC mais que triplicou neste mês. Em 31 de julho o Tesouro Nacional estava oferecendo pagar um juro de 0,0300% sobre a SELIC. Este prêmio aumentou para 0,0347% no final de agosto. Parece pouco, mas a variação de 300 para 347 foi de 15%. Pois bem, quando entrou em setembro, começou uma escalada nesta porcentagem. No dia 14 de setembro estava em 0,0462%, quatro dias depois, em 18 de setembro foi para 0,0827%, depois no dia 21.09.2020 foi para 0,0917% e finalmente em 25 de setembro chegou a 0,1105% com aumento de 268%.

No dia 07.10.2020 alcançou o ponto mais alto com o governo pagando juro extra de 0,3730% sobre os 2,00% da Selic. O mercado acalmou durante o mês e fechou outubro com Selic + 0,1900%. Mas foi uma volatilidade e tanto, no momento mais baixo o título chegou a cair -1,27% para um título que “nunca” deveria cair. Em outubro o Copom decidiu ainda manter a Selic em 2,00% ao ano, quando está pagando 5,19% ao ano no Tesouro Prefixado 2023 e 7,41% ao ano para Prefixado de 2026.

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