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VALOR DA COMPRA RECEBIDA NO MÊS SERVE COMO CMV DO MÊS

  • custoseganhosconsu
  • 14 de ago. de 2024
  • 5 min de leitura

Para obter um preço melhor, aceitei o lote mínimo do fornecedor, e comprei mercadorias em quantidade suficiente que vai levar mais de um mês para serem vendidas.


Seria correto lançar esta compra diretamente no custo da mercadoria vendida no mês em que recebi a mercadoria? Contabilmente, o correto seria lançar primeiro no estoque, especificamente no estoque de mercadorias a serem vendidas, e no final do mês, deve-se verificar quanto ainda resta no estoque e registrar como custo apenas a quantidade que foi vendida. O estoque que ainda não foi vendido continua como patrimônio da empresa, registrado na conta de estoque do ativo circulante, como bens que ainda precisam ser transformados em dinheiro.


No entanto, o que parece simples na teoria não é tão fácil na prática. Primeiro, para separar o estoque que foi vendido do estoque que não foi vendido, é necessário ter um controle de estoque eficiente. Segundo, para manter esse controle, é preciso separar os impostos do custo da mercadoria no momento da entrada da nota fiscal, de forma que o saldo do estoque reflita o custo livre de impostos. Isso pode acabar divergindo do valor total da compra, o que pode complicar ainda mais a situação.


No fim, lançar as compras pelo valor total da nota diretamente na conta de custo da mercadoria vendida do mês, pode ser mais cômodo, prático e confiável, pois o valor a ser pago coincide com o custo das mercadorias vendidas. Para quem ainda não domina os conceitos contábeis, essa prática parece mais lógica, pois está mais alinhada com o seu modo de pensar e conforta o seu modelo de gestão.


Nossa recomendação para os empreendedores iniciantes, é lançar o valor da compra diretamente no resultado, na conta de custo das mercadorias vendidas. Assim, o seu Custo da Mercadoria Vendida, o CMV, será a soma das notas de compras no mês. Se o seu sistema tiver um campo para a data de recebimento da mercadoria, você pode adotar o valor das notas recebidas no mês para o cálculo do CMV, mesmo que algumas notas tenham sido emitidas no final do mês anterior. Caso contrário, utilize a data de emissão das notas, mesmo que algumas mercadorias tenham sido recebidas no início do mês.


E quanto àqueles que utilizam o valor do pagamento das compras de mercadorias como CMV? Para empreendedores que não possuem os dados sobre a entrada das compras recebidas, o valor do pagamento das compras é o dado disponível, mais próximo do CMV, e poderá ser utilizado como custo da mercadoria vendida, pois o pagamento das compras, ao longo dos meses, deverá coincidir com o valor das compras recebidas.


No entanto, é importante lembrar que o valor pago em um mês pode ser diferente do valor das compras recebidas no mesmo mês e, por sua vez, pode ser diferente do valor do custo das mercadorias vendidas no mês. Em outras palavras, há uma diferença entre a compra recebida fisicamente no mês, a compra paga financeiramente no mês e o custo das mercadorias vendidas no mês. Se uma empresa paga à vista por todas as compras e vende todas as mercadorias compradas no mesmo mês, então, e somente nesse caso, compra, recebimento e pagamento coincidirão.


E quais são as vantagens e desvantagens de assumir no CMV tudo que entra no mês? A desvantagem é que ao registrar no CMV do mês, o valor total das compras, se você receber um lote de mercadorias que excede as vendas do mês, o resultado do mês ficará prejudicado, pois estará assumindo um custo que ainda não foi gerado pela venda. No entanto, essa desvantagem pode ser compensada no mês seguinte, quando você reconhecer a receita correspondente ao custo já assumido anteriormente.


A vantagens é que esse método ajuda a controlar a entrada de compras a cada mês. Como o resultado operacional será impactado pela quantidade de compras, saber que quanto menor a compra, maior será a margem bruta, serve como um incentivo para manter um controle mais rígido sobre as compras. Assim, o método funciona como um freio e um mecanismo de vigilância na gestão de compras.


Outra vantagem desse método é que ele evita que erros de compras sejam ocultados no estoque não vendido. Isso é particularmente importante, pois é comum que as empresas acumulem em seu estoque mercadorias obsoletas, fora de linha, com prazo vencido, ou até produtos quebrados. Muitas vezes, mesmo à primeira vista, é evidente que esses itens não serão vendidos, mas ainda assim permanecem registrados como patrimônio. Com esse método, esses problemas se tornam mais evidentes e podem ser tratados de forma mais eficaz.


No método de assumir no CMV do mês, toda a compra recebida, o administrador tem uma visão clara do desempenho da empresa. Ao saber que o estoque pode conter mercadorias obsoletas, ele pode decidir liquidar o estoque parado a qualquer custo, com a garantia de que essa decisão não impactará negativamente o resultado do mês corrente.


No método de registrar as compras no estoque, e assumir o custo no resultado à medida que as mercadorias são vendidas, o estoque que permanece parado não impacta imediatamente o resultado. No entanto, o ajuste desse estoque obsoleto acaba sendo postergado até que, eventualmente, o administrador se veja forçado a se desfazer dele. Quando isso acontece, a baixa desse estoque obsoleto vai para o resultado, o que pode aumentar o prejuízo no mês em que o ajuste é feito.


Esse seria, provavelmente um dos motivos pelos quais empresas de grande porte se envolvem em fraudes: o desconforto de ajustar o estoque leva à postergação desse ajuste. O gestor pode insistir em manter no estoque, itens que não vendem, na esperança de que um dia obtenha um lucro significativo que cubra as baixas, mas esse dia pode nunca chegar, resultando em um grande prejuízo. Essa é uma das principais falhas desse método. Portanto, a recomendação honesta para bons administradores é a de ajustar o estoque gradualmente, mês a mês, na medida que forem identificados itens que precisam ser baixados para a perda, evitando que o acúmulo destes itens se torne um grande problema no futuro.


É essencial perseverar no método escolhido, aplicando de forma constante e contínua, adaptando a cada fase de cada empresa. O importante é que o método proporcione ao administrador a confiança necessária para tomar decisões. Um método que funcione, mesmo que não seja perfeito, será sempre melhor do que a dúvida de buscar um método que promete perfeição, mas acaba gerando mais confusão. Comprar somente o necessário, no momento da necessidade, é a recomendação sempre válida. A eficiência está no rigor do controle das compras, para assegurar o menor custo da mercadoria vendida.



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